Em solo natalense o dia da consciência negra vem despertando outras consciências, de Zumbi a Poty. A consciência da formação cultural brasileira. A consciência das nações que formaram a cultura brasileira: portugueses, palmares e potiguares.
Com pés e pês, pisando e dançando descalços no chão, um tripé embasado pelas culturas vindas da África e da Europa, e pelo índio nativo que já habitava o território antes do descobrimento. E ainda por outros povos que aqui desembarcaram, mais tarde ou mais cedo, historiados ou não. A força da influencia dos descobridores foi tanta que até o habitante primitivo recebeu nomes estrangeiros, foram chamados de indígenas. Por os portugueses acharem que haviam chegado na região das Índias, onde pretendiam chegar.
Características históricas ficaram na memória. Os políticos locais, legítimos e legitimados representantes do povo, exercem seus mandatos em modelos holandeses, os Mauricinhos de Natal tentando serem as Águias de Haia. Representando o povo em modelo burguês: com gabinetes computadorizados, bem aparentados, bem afeiçoados, e bem motorizados, e muito bem assessorados, se batem e debatem. Gritam e rebatem em câmaras e tribunas da casa do povo. Enquanto discutem em assembleias ordinárias e extraordinárias, um impasse, se o dia da consciência negra deve ser decretado feriado ou não, o povo exerce seu papel de cidadão. O povo manifesta nas ruas sua memória cultural, representando os povos menos favorecidos, negros e índios diante aos prestigiados eleitos para cargos públicos de representação do povo.
Brigas e intrigas são teatralizadas, com fantasias e fantasmas, pelas ruas e praças, e até na universidade (UFRN). O povo não questiona ou discute a propriedade do dia da consciência negra ser ou não ser feriado. Mas entende que deve ser comemorado, para ser sempre lembrado. O dia é apenas mais uma razão para expor uma cultura, resgatada ou perpetuada por gerações. Uma cultura inserida em suas mentes que provoca comportamentos em seu dia a dia.
Diversas manifestações culturais preservadas, ainda podem ser encontradas pelas redondezas de Natal/RN. E vem cabendo a poucos professores e pesquisadores da chamada academia do conhecimento, reunir e resgatar o conhecimento cultural que está nas ruas, O que não está escrito nos livros, está inscrito nas mentes que preservam a cultura e o conhecimento que surge do povo. A oportunidade de filmar e preservar, eternizar um conhecimento com tecnologia, fazer o uso das TICs.
A capoeira que possivelmente seria uma luta disfarçada em danças e acrobacias. Sem armas, os negros escravos precisavam de uma luta de defesa pessoal e corporal em fugas e capturas. Em meio a cantos e danças puderam disfarçar um treino quando senhores e feitores entravam nas instalações escravas.
O maracatu deu mais criatividade aos cantos e danças evocando e invocando, misturando culturas. Deuses africanos disfarçados de santos da igreja. Reis e rainhas da corte portuguesa ou dos reinos africanos. Provocou um ritmo e surgiu de uma miscigenação entre as culturas: africana, indígena e portuguesa. Um ritmo forte que contagia que estão presentes nas apresentações. Um ritmo nato surgido em terras brasileiras com as misturas raciais e culturais, de etnias e cidadanias.
Natal/RN 23/11/14
Artigo publicado
JORNAL DE HOJE
Natal/RN
24/11/2014
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