quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Homo natalensis III




É comum dizer que o RN é a esquina do território brasileiro, ou a esquina do continente sul-americano. E por vezes, em falas e conversas de populares; em discursos políticos, comerciais e empresariais, até se prevalecer e enaltecer de estar localizado em uma esquina logística e territorial. A capital norte-rio-grandense esta localizada á margem do oceano, com uma responsabilidade política, administrativa e comercial com o estado, do qual sedia uma governadoria.

Mas o fato ou o ato de estar em uma esquina, gera algumas interpretações, visões e observações. A visão de quem está em uma esquina e vê quem passa. Como alguém parado em uma esquina obervando os carros e as pessoas que passam. Alguém que possa estar parado aguardando o momento de atravessar. A visão de quem passa e vê alguém parado na esquina. O RN pode ser uma esquina do continente em relação ao mar, e as rotas de navios que passam por esta esquina marítima. Enquanto quem está em terra pode ver navios passar, e a partir dos navios, alguém pode ver quem está em terra, na esquina, parado e observando navios passarem.

Uma esquina para navios e aviões tomarem um fôlego antes de atravessar o oceano, tal como alguém esperar o momento de atravessar. E nesta mesma esquina podem na volta atracar e pousar, para ali descansar de uma travessia sobre o mar. Um lugar de arribação, tal como as aves migratórias se alocam em um ninhal, para reproduzir e reprocriar. Depois continuam suas rotas migratórias para outros lugares, até que estações e situações sazonais e anuais retornem, quando novas e antigas gerações poderão ali retornar. Assim como os pássaros, o homem é um animal nômade, e precisa voar, para buscar novas paragens e paisagens, novas ideias e adquirir novos conhecimentos.
Esquinas podem ter a visão de quem dobra uma rua ao trafegar, ou de quem para na esquina para olhar. A visão de quem esta na calçada e a visão dos que vão com seus veículos pelas vias de rolamento. No caso do RN os veículos que passam pela esquina podem ser os navios. Veículos de transportes náuticos e marítimos. Olhando para o alto, verá pássaros e aviões.

O natalense é um ser que se encontra ocupando a terra. O espaço da capital de um estado na esquina do continente. Tanto o espaço geográfico natalense quanto o espaço territorial norte-rio-grandense, são espaços estáticos. Espaços estáticos diante do mar ao ver navios navegarem.

Aquele ser que para em uma esquina continental, diante do mar só tem a observar os navios que passam em direções diferentes. Navegam de Norte para Sul ou de Leste para o Oeste; do Sul para o Norte ou do Leste para o Oeste; e outras combinações entre origens e destinos. Quem para em uma esquina de uma rua,
pode parar esperando um momento para atravessar. Na esquina do continente esta Natal, que não poderia atravessar o mar, ficou esperando os momentos que alguém poderia chegar e desembarcar.

Ainda hoje a navegação de cabotagem faz linha entre o lado leste do território brasileiro para ligar o lado norte brasileiro. Navios atracam e desatracam nos portos de Recife e João Pessoa para depois seguir para os portos de São Luis e Belém, deixando Natal a ver navios. Os custos de atracação e desatracação de navios são altos, demandam um grande tempo despendido em manobras náuticas e precisam compensar movimentos de carga e descarga para um navio ter a intenção de abicar.

Ao longo da historia Natal não tem demonstrado ser um porto de interesse comercial. Mas um ponto estratégico de interesse internacional.

Recife/PE ─ 26/10/2014

Artigo publicado
JORNAL DE HOJE
Natal/RN
                                                                        03/11/2014




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