quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Homo natalensis IV

Ventos e correntes marítimas influenciaram momentos históricos, no período conhecido como das grandes navegações ou dos grandes descobrimentos. Os pontos de vista dos que navegaram, e dos que descobriram e ocuparam as novas terras. Um ponto de vista para os que foram descobertos, porque foi assim que se aprendeu nos livros e na escola, a história que foi escrita, lida e contada. Aprendida por professores e repassada aos alunos, que um dia se tornaram novos professores. Com aprendizado e repetição acabamos por incorporar uma educação. Matérias explanadas em sala de aula e cobradas nas provas de avaliação.
Com aprendizado e repetição aprendemos uma lição, e incorporamos culturas e comportamentos. Natal como esquina do continente esta apta e aberta a incorporar novos conhecimentos, novas culturas e novos comportamentos. Natal está de frente para o mar, estabelecendo um ponto no extremo do continente. A menor distancia entre dois pontos é uma reta, sendo Natal umas das menores distancias entre a Europa e Brasil, como também uma menor distancia para o continente africano. Daí ser um ponto estratégico, depois da Primeira Guerra e durante a Segunda Guerra. E continua sendo um ponto logístico e estratégico.
Logo após a Primeira Grande Guerra, Natal viu os primeiros aviões chegarem ao continente. Pierre Latécoère teve a ideia de utilizar os aviões militares utilizados na guerra, no período pós-guerra. Implantou um serviço de correio aéreo (Aeropostale), entre a Europa e América do Sul (Zé Perry – JH em 19/05/14). Natal serviu com ponto de primeira escala continental, depois da travessia entre a África e a América do Sul.

Natal foi a primeira cidade brasileira a mascar chiclete e tomar refrigerante do tipo cola. Uma clássica influencia da presença americana no período da Segunda Guerra. O natalense colocou em pratica o exercer do sabor, experimentou mastigar e beber, com saberes e sabores.

Seu comportamento social também foi influenciado nas noites de festa, o que era para ser uma festa aberta e para todos (for all) se tornou um forró. Durante o dia com iluminação intensa aprendeu a utilizar óculos escuros por influencia dos óculos modelo Ray-ban utilizados pelos pilotos que pousavam em Parnamirim Feeld. O campo de pouso que um dia deu nome a um filho da terra, nascido em Macaíba, cidade vizinha. E Parnamirim, também vizinha a Natal abriu sua sala de embarque para que natalenses pudessem embarcar em um avião comercial e conhecer outras paragens. Augusto Severo (1864-1902), que um dia foi omenageado no antigo aeroporto e na Praça em Natal que leva seu nome, pela passagem de um dirigível (1930 e 1933 – Graf Zeppelin). Hoje o aeroporto esta localizado em São Gonçalo do Amarante por necessidades políticas e históricas, estratégicas e logísticas. O aeroporto esqueceu o nome de seu filho da terra que foi um pioneiro na aviação, um dos primeiros cidadãos no mundo a voar, para dar nome a um político. Por interesses políticos arcaicos de um coronelismo que ainda tenta imperar. Assim vai se perdendo uma historia e uma memória. Um Alzheimer urbano vai se instalando. Novos comportamentos que mudam os rumos da história.

Uma lembrança dos tempos de montaria ainda existe nas ruas, motoristas e motociclistas insistem em estacionar junto a portas, passagens, muros e paredes como se estivessem amarrando burros, jegues e jumentos, próximos aos locais onde vai fazer compras ou resolver problemas que classificam como urgentes. Justificando ser uma breve parada, incomodando o transito de pedestres e os acessos ao comércio e as calçadas. Todo ato tem uma justificativa sociológica ou psicológica nas entranhas da mente ou da sociedade.
Pouco se sabe sobre a história dos primeiros ocupantes da terra. É preciso se embrenhar em arquivos e estudos arqueológicos, para descobrir o seu conhecimento, seus hábitos e costumes que formaram um conhecimento. Descobrir seus hábitos e costumes que estão inclusos no nosso comportamento atual, símbolos de formação da cultura brasileira.


Entre Natal/RN e Parnamirim/RN ─ 09/11/2014



Artigo publicado
 JORNAL DE HOJE
Natal/RN
                                                                         10/11/2014

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