domingo, 18 de outubro de 2015

Recordando uma Batalha na Avenida Roberto Freire


Recordando uma Batalha
na Avenida Roberto Freire
 
 

DICOTOMIA NATAENSE (*)

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Enquanto uns poucos passam velozes, pelas avenidas, em seus carros com nomes atípicos ao nosso vocabulário, outros muitos tentam atravessar as mesmas avenidas, que parecem ter sido construídas apenas para aqueles habilitados a conduzir belos veículos.

Da mesma forma que aqueles muitos hoje dedicam parte do seu tempo investindo em seus futuros, buscando uma oportunidade futura no mercado de trabalho. Também buscam diariamente uma oportunidade de atravessar uma avenida.

Na Av. Eng° Roberto Freire em frente à Faculdade Maurício de Nassau é possível ver a cena, diariamente: dezenas de carros transitando em um vai e vem contínuo e milhares de alunos tentando atravessar a avenida, se esgueirando, se contorcendo e torcendo por uma oportunidade, não só de concluir a sua faculdade, mas também de atravessar a avenida.

Segundo informações ouvidas pelos corredores universitários, autoridades do transito alegam que a poucos metros existe um sinal onde os alunos podem atravessar a avenida. Uma travessia garantida por um semáforo que possibilita atravessar com segurança apenas uma das pistas. E a outra como fazer? Como atravessar? Do mesmo modo que se atravessam as duas pistas em frente à faculdade! Questiono as autoridades competentes e autorizadas no conhecimento da engenharia de transito. Qual o volume diário de pessoas que atravessam usando o sinal próximo ao Supermercado Favorito? É de conhecimento dos seus departamentos? 

Na Faculdade Maurício de Nassau segundo fontes oficiosas, conhecedoras, mas não autorizadas a fornecer a informação, são mais de 3.200 alunos matriculados. É verdade que muitos chegam e saem de carro, de moto ou de carona, ainda assim teremos um número considerável. Mas a faculdade não é só para quem é motorizado. Com tantas oportunidades de crédito educativo, entende-se que não! Uma maioria sem meios próprios de locomoção está presente.

Com funcionários, professores, acompanhantes e transeuntes, algum passageiro incauto necessitando de um transbordo entre coletivos, chegaremos a um número considerável de pedestres atravessando diariamente naquele ponto da avenida. Suponho que muito superior ao contingente que atravessa no sinal próximo do supermercado.

Portanto senhores Engenheiros da engenharia de tráfego façam sua reengenharia e coloquem no local: uma faixa de pedestre, ou um sinal com botoeira, ou uma placa indicativa de travessia de pedestre, ou uma placa indicativa de travessia escolar ou uma placa indicativa para os veículos reduzirem velocidade, ou uma lombada, ou uma lombada eletrônica. Pensem numa solução melhor, sem escamoteamento. Afinal o dinheiro público que paga seus salários é para que pensem e criem soluções.

Qualidade de vida começa com o direito de ir e vir, e para todos! 

Natal/RN 

(*) Texto Publicado:

Novo Jornal em 12/maio/2012 – Natal/RN

Jornal do DCE da Faculdade Mauricio de Nassau em Dezembro/2012 – Natal/RN


 

BATALHA NA AVENIDA ROBERTO FREIRE (**)

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O homem estuda o universo e observa padrões. Estuda o corpo humano, a mente e continua a observar padrões. Analisa a história e também observa padrões.

  Por séculos a humanidade desejou, brigou e guerreou por produtos e coisas tangíveis. Hoje o produto de maior valor é intangível, o bem mais precioso é o conhecimento, a informação.

Quartéis dos poderosos, dos históricos conquistadores de novas terras, em séculos ou décadas anteriores se reencontram em Natal/RN. Simbolicamente, cada com suas estruturas, hábitos e práticas. Holandeses, portugueses, americanos e potiguares se instalam na Avenida Roberto Freire. Recrutam semestralmente novos contingentes, cada qual buscando obter um exército maior, mais competitivo. 

Os quartéis da Roberto Freire, com seus brasões e símbolos heráldicos à frente, exibem-se diante da avenida, mais avançados ou mais recuados, com maior ou menor ângulo de visão e exibição. Dispostos para combate e marcha em posição ou formação de flancos ou pela cabeça (Maquiavel). 

Toda grande universidade ou grande quartel militar está instalada ou localizado em um campus, um espaço grande e aberto para absorver a energia do universo. A Avenida Roberto Freire não disponibiliza grandes espaços, a especulação imobiliária não permite. O campo verde e energético à frente, o Parque das Dunas, é comum á todos, mas o chi ou ch’i, a energia universal corre com muita velocidade pela avenida e há os que sabem usufruir, não deixando a energia fugir, captando o necessário.

Cada nação ali representada prepara um exército que daqui a dois, quatro, ou cinco anos irá levar suas bandeiras á guerra de mercado. Gramsci (1891-1937) enfatizou que a guerra é a máxima concentração nas mãos de poucos, a máxima concentração de indivíduos nos quartéis. 

A avenida observa uma guerra pelo poder do conhecimento, uma disputa pelo campo educacional, cada qual com seus planos de negócios e suas missões. A economia dos bens simbólicos (Bourdieu, 1930-2002) estabeleceu aquela avenida como seu campo de batalha. Não existe lugar melhor da Cidade do Natal/RN para tropas opositoras se encontrarem e se instalarem para uma guerra, uma avenida socialista, ampla com projetos de ampliação e melhoria. Local de batalhas que não haverá mortos e feridos. Cada qual com seu discurso de melhor qualidade, usando argumentos astutos e científicos para persuadir e garantir seus poderes estaqueados na miséria das maiorias, a miséria do conhecimento. Não haverá vencido ou vencedor, mas irá se destacar aquele que tiver o êxito, aquele que enviar a melhor tropa ao front. Não bastará quantidade, mas sim, qualidade, conhecimento, tática e estratégia, em cada especialidade.

Roberto Freire nome de engenheiro e político socialista. Também é nome de um psicólogo renomado, empresta seu nome a importante via urbana da Cidade do Natal. A avenida que liga a região costeira ao interior, permitindo a interiorização das tropas. A avenida que possibilita e facilita o acesso ao campo de pouso e ao comércio. Facilita a movimentação das tropas turísticas acampadas em luxuosos hotéis junto ao litoral da Praia de Ponta Negra. 

As tropas turísticas já chegaram, desembarcaram, e continuam chegando via navegação aérea, em grandes naus tripuladas. Primeiro chegaram os portugueses com suas naus da denominada TAP ou Air Portugal. Agora estão chegando os holandeses nas naus da K Line, em breve chegaram os americanos nas naus da American Airlines, United, Delta e outras. Isto sem contar outros povos localizados no hemisfério norte com tecnologias para cruzar em poucas horas a linha do Equador. 

A China vem se destacando no cenário internacional com a maior população mundial e despontando como grande mercado consumidor e exportador. O RN já prepara o seu novo aeroporto para receber o maior avião de passageiros do mundo o Airbus, A380.

Portugueses e holandeses sempre foram bons navegadores, desde no limiar da Idade Moderna lançavam-se à conquistar novas terras, novas riquezas. Construíam suas próprias naus. Holandeses ainda estão no mercado de navegação com seus Fokers. Aos poucos perderam a posição de liderança na construção de naus para navegação. 

Com o avanço tecnológico, e aumento da demanda de transporte, hoje estes antigos navegadores recorrem ao uso de naus maiores fabricadas por outros povos, inclusive pelo consórcio Inglaterra-França. Duas nações que já tiveram no ápice de importância diante do mundo, montam grandes ônibus aéreos, os Airbus. Os estadunidenses deverão chegar com naus de fabricação própria, seus Boeings.

No século XVII aconteceram guerras holandesas contra os portugueses aqui instalados, as guerras pelo açúcar, o bem tangível da época. Holandeses tentaram controlar as fontes brasileiras de produção. Hoje estes povos deparam-se novamente, aquartelados com seus líderes e opositores do passado em destaque, Estácio de Sá e Maurício de Nassau. 

Estrategicamente entre estes dois que já se enfrentaram no passado, portugueses e holandeses instalados na Avenida Roberto Freire, encontramos um exército de paz ‘UN’ United Nations associado ao exército local os ‘P’ de potiguares. Potiguares, capitaneado por um laureado, palavra que significa eminência ou associação com a glória literária ou militar. É usado para os vencedores do Prêmio Nobel (Wikipédia). 

(**) Texto Publicado:

Jornal de Hoje em 30/julho/2012 – Natal/RN

 

ROBERTO FREIRE, NOTÍCIAS DO FRONT

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Batalha na Avenida Roberto Freire. Notícias do front. Um novo exército entra na batalha. A guerra está declarada, obter a paz significa abdicar da fantasia do lucro máximo, utilizar meios governamentais de custeio do aprendizado. Um aprendizado vendido e oferecido à prestação. Um curso de graduação em nível superior leva em torno de quatro a cinco anos, no mínimo e em sua maioria. Hoje os chamados cursos superiores tecnológicos — CST são concluídos em dois anos, e ainda oferecem certificações parciais antes da certificação final. Ao terminar se faz necessário cursar uma especialização de mais dois anos, opcional, para entrar no mercado de trabalho com algum diferencial.  

 Um novo exército entra na batalha da informação e conhecimento. Com suas instalações recuadas, situadas fora do teatro de operações, faz seu ingresso na batalha através de recursos utilizados durante a Segunda Grande Guerra. Panfletos eram lançados sobre o “inimigo” tentando persuadi-los a se render antes de um ataque maciço. Hoje com avanços de técnicas e estratégias de marketing, outdoors são instalados, promovendo um encobrimento visual de outros. O exército de Cultura e Extensão do RN lança este tipo de petardo, procurando fazer uma cortina na frente do inimigo. 

Em situações de guerra ou conflitos urbanos, cortinas de fumaça são formadas para confundir o inimigo ou agressor facilitando o avanço de tropas. Cortinas também podem ser colocadas para ocultar o estabelecimento de complexos sistemas de relações e mediações criando o que Gramsci (1891-1937) chamou de hegemonia, uma dominação que uma parte da sociedade exerce sobre a outra (Tortorella).

Na Segunda Guerra Mundial, o lançamento de panfletos por meio de aviões foi um dos meios novos de se combater, objetivando manejar e manipular a informação a amigos e inimigos em zonas ocupadas, foi adotado em todos os teatros de guerra. Aviões aliados lançaram milhões de panfletos no decorrer de diversas incursões (Lilian Mascarenhas). Existe uma pista de aviões desativada dentro do Parque da Dunas, uma área militar pertencente ao Exército.

Análise do campo in loco. Kant criticava os filósofos que subiam ao alto de torres para filosofar. Kant afirmava que era impossível filosofar em locais com muito vento, situação característica da cidade do Natal, e do corredor criado pela Avenida Roberto Freire. Ali naquela avenida o chi corre rápido, não há sinuosidade que o segure, que reduza sua velocidade, fazendo com que cada exército de instrução tenha que procurar alternativas ao vento. É necessário conhecer um estudo de ares e climas dos sítios, o climare (Vitrúvio 27 aC).

 Os exércitos produtores de acontecimentos e conhecimentos são obrigados a aumentar doses de ataques. E como aqui acontece uma guerra que não produz nem mortos e nem feridos utilizam as armas de marketing colocando outdoors na frente dos inimigos fazendo-os perderem espaço visual na avenida, ao mesmo tempo em que promovem recrutamento. Buscam belas imagens que passam mensagens subliminares, sabendo que o primeiro enquadramento gráfico é mais potente que o segundo. A cidade está repleta de outdors dos citados exércitos, com imagens em close de formandos e formados, felizes e com traços fisionômicos belos. 

Outro fator importante é o que há por trás dos prédios. Sabemos apenas que a cidade do Natal não é saneada, mas não sabemos como cada um, lida com esta situação, de que maneira estes dejetos são tratados, transferidos e acondicionados. É necessário conhecer um estudo dos sítios, quais os salubres ou quais os pestilentos (Vitrúvio 27 aC). É impossível agregar conhecimento em cima de terrenos insalubres ou pestilentos. Vivemos uma época tecnicista em que só acreditamos no que é visível ao microscópio ou telescópio. Sem acreditar no que possa estar ao nosso lado e simplesmente nossos olhos não vem. Os miasmas que Hahnemann usou como pedra fundamental, para melhor entendimento de sua doutrina foram esquecidos. 

Ambientes insalubres e pestilentos já foram assuntos preconizados por Florence Nightingale (1820-1910). Florence é um marco na história da enfermagem por mudar um paradigma do tratamento de doentes e feridos, inclusive na Guerra da Criméia (1853-1856), da qual participou como voluntária. Florence entendia que o asseio, a limpeza e o cuidado seriam essenciais na recuperação de enfermidades. (Baptista e Barreira). A sociedade está enferma com carência de conhecimento e informação. 

 

 

Conflitos de gênero na Batalha da Roberto Freire (***)

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 Organizações vem enfrentando desafios a tornarem-se e continuarem produtivas tendo condições de manterem-se no mercado. Buscam ambientes flexíveis e adaptados a constantes mudanças. Diversificam seus quadros funcionais tornando-os mais heterogêneos. (Capelle).

No princípio o homem, com seu espírito de aventura e desbravamento abriu os caminhos para novas descobertas. Com o passar dos tempos estes caminhos foram sendo caminhados, repassados e o homem deixou de descobrir e desbravar para voltar onde já tinha ido, e os caminhos tornaram-se trilhas. As trilhas deixaram de ser transitadas somente pelo homem, mas pelo homem e sua prole. As proles se instalaram e formaram as cidades, onde o homem novamente abriu ruas e avenidas. No princípio do Universo era Deus. E o homem é um enviado de Deus. 

A Avenida Roberto Freire, que um dia já foi Estrada de Ponta Negra, foi batizada com um nome que caracteriza o gênero masculino. Nome de uma família da terra, tal como a de Gilberto Freyre, o sociólogo do sertão. Instalaram-se ali as empresas, as escolas, as faculdades e as concessionárias de automóveis. Empresas se instalaram na Roberto Freire. E os poderosos, os donos do saber, donos do conhecimento e donos do poder se apossaram d(a)s instalações. Esqueceram quem detém a informação. A teoria feminista pós-moderna fundamenta-se em tecer críticas ao conhecimento e a informação (Callas & Smircich, in Capelle)

O homem, gênero masculino e não espécie conduz a empresa com um (a) administração ortodoxa, tradicional, baseada em conceitos e afirmações, com inflexibilidade. O mundo, o universo tem que estar em equilíbrio de forças e energias. 

Uma empresa para atingir o seu público alvo, o seu cliente é necessário estar em equilíbrio com estas forças e energias. É necessária uma administração holística. Para alcançar a gestão de qualidade é necessário ter qualidade de gestão.  

Mas os homens, cuja vida terrestre é breve, por não saberem harmonizar as causas dos tempos idos, e das gentes que não viram nem conheceram, com as que agora veem e experimentam e, como também veem facilmente o que no mesmo corpo, na mesma hora e lugar convém a cada membro, a cada tempo, a cada parte e a cada pessoa, escandalizam-se com as coisas daqueles tempos, enquanto aceitam as de agora. (Santo Agostinho)

Hoje a partir da linha de pesquisa da Avenida Roberto Freire no RN encontramos de um lado da via, justamente do lado onde podemos ainda encontrar sinais da Mãe Natureza com sua fauna e sua flora mesmo por cima das areias ou terras formadas pelas dunas uma reserva natural com resquícios da Mata Atlântica. Onde quem sabe talvez os cientistas descubram que por baixo daquelas dunas há um grande cetáceo. Encontramos ali diversas coordenadoras de cursos em uma universidade federal conduzida por uma Reitora, numa cidade administrada por uma Prefeita que por sua vez tem uma Governadora que faz parte de uma Federação presidida por uma Presidenta.

Não é à toa que o símbolo representativo do sexo feminino é um círculo com uma cruz voltada para baixo, posicionada como uma intenção de fixar, de ancorar à Terra. Ao contrário o homem tem como símbolo uma seta voltada para cima dando uma noção de antena como uma das hastes da seta (antena) voltada ao universo e a outra voltada para a superfície da terra. Recebendo mensagens e informações do espaço e retransmitindo a quem está na superfície terrestre. Fazendo a conexão, um link do Universo com a Terra.

(***) Texto Publicado:

Jornal de Hoje em 20/agosto/2012 – Natal/RN

 

 

Jung na Batalha da Roberto Freire

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Uma análise junguiana da Batalha na Roberto Freire. Carl Gustav Jung ou simplesmente Jung foi um psiquiatra suíço que viveu entre 1875 e 1961, fundador da psicologia analítica, ou psicologia junguiana. (Wikipédia). Atendendo a um convite prefaciou a primeira edição inglesa do I Ching - O livro das mutações. Fato que não aconteceu com a edição alemã. Jung pesquisou os arquétipos na formação do indivíduo

Os portugueses no século dos descobrimentos viviam à margem do rio Tejo próximo ao mar tal como a Estácio se posiciona na Roberto Freire. Uma conhecida música portuguesa que diz que ‘navegar é preciso viver não é preciso’ e hoje navegamos na internet. Navegaram pelos mares desconhecidos e sempre procuravam uma formação geográfica natural para abrigar suas embarcações do mar aberto e do mau tempo. Baía de Guanabara e Angra dos Reis no Estado do Rio de Janeiro, Baía de Todos os Santos na Bahia, Santos e São Vicente no litoral paulista, são alguns exemplos.

Holanda também conhecida por países baixos, e holandeses instalaram-se no Brasil, justamente numa cidade com uma barreira natural, junto à praia, os arrecifes. Uma barreira natural para proteger suas embarcações, mas também um impedimento a alguém posicionado na praia de olhar o mar e avistar a linha do horizonte, tal como seu país com suas terras abaixo do nível do mar, não sendo possível ver o horizonte, a linha formada pelo céu encontrando com o mar. Instalou-se em um prédio mais alto que a maioria das construções ali encontradas no logradouro público. Diante dos ventos no RN, lembrado os moinhos existentes na Holanda para fazer uso da energia eólica que bombeia diuturnamente a água que invade seu território. E procurando um novo prédio para futuras e novas instalações, um prédio abaixo da do nível pista da avenida.

Os americanos ampliaram seu território a custa de guerras e extermínio de índios nativos e formaram um país com acesso a dois oceanos. Com a frente voltada para a Europa de onde vinham as informações e o conhecimento. E com os fundos voltados ao mundo denominado oriental, com suas tradições e empirismos, optaram por uma ciência estatística e pragmática. Colhem suas frutas do quintal na região denominada Califórnia, onde produzem boas frutas e correm o risco de se tornar uma bagunça devido a falha de Santo André. Instalaram a capital em Washington DC, que se traduz por Distrito de Columbia ou seria um direcionamento do mundo, Depois de Cristo? O mundo passou a olhar, a nortear suas ideias e pensamentos. Fato criticado por Paulo Freire que dizia que o Brasil deveria sulear e não nortear, entendendo que não se referia a agulha de uma bússola este norteamento, mas sim, olhar para o norte, para América do Norte.

Na Roberto Freire ainda podemos encontrar outros povos disputando outros serviços. Brasileiros e Holandeses no mercado do varejo de combustível. França no ramo de supermercados. Alemães e orientais na revenda de veículos. O homem desde as épocas remotas instalava-se ao redor de poços, junto à costa e à margem de rios, sempre onde existe água. Hoje vivemos a Nova Era e a Roberto Freire um rio, é um canal de energia.

 

MARKETING DE GUERRA NA BATALHA DA ROBERTO FREIRE (****)

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Século passado, Segunda Guerra Mundial, o lançamento de panfletos por aviões foi um dos meios de se combater, manejando e manipulando a informação de amigos e inimigos em zonas ocupadas, nos diversos teatros de guerra. E as mesmas armas estratégicas de marketing não poderiam faltar na Batalha da Avenida Roberto Freire.

Milhões de panfletos foram lançados por aviões no decorrer da última Guerra Mundial (Lilian Mascarenhas). Existe uma pista de aviões desativada dentro do Parque das Dunas, uma área militar pertencente ao Exército, protegida por leis federais. Lançar panfletos pela Avenida Roberto Freire poderia acarretar prejuízos na fauna e flora do parque, uma multa pela prefeitura e descrédito das faculdades. As estratégias são os outdoors. Produzidos por recursos humanos. Os exércitos produtores de acontecimentos e conhecimentos, outras faculdades que não se encontram no teatro de guerra, a Avenida, são obrigados a aumentar doses de ataques. E como aqui acontece uma guerra que não produz nem mortos e nem feridos utilizam as armas de marketing colocando outdoors em espaços à frente dos inimigos fazendo-os perderem espaço visual na avenida, ao mesmo tempo em que promovem um recrutamento. 

Em atitude desesperadora, com a carga emocional trazida pelo fim do milênio (in Nivaldo Junior). Buscam belas imagens que passam mensagens subliminares, sabendo que o primeiro enquadramento gráfico é mais potente que o segundo. Não só a cidade, mas a avenida está repleta de outdors dos já citados exércitos, desta batalha, com imagens em close de formandos e formados, felizes, com traços fisionômicos belos. Ao mesmo tempo em que especialistas oferecem novas estratégias de inovação em recursos humanos.

Um avião americano de patrulhamento e pesquisa vem sobrevoando a região de Natal e Parnamirim ultimamente, o P-3 Orion. A grande vedete das novas carreiras implantadas, em novos cursos, remete a imagens de guerra, Florence Nightingale (1820-1910). Florence é um marco na história da enfermagem por mudar o paradigma no tratamento de doentes e feridos, participou como voluntária na Guerra da Criméia (1853-1856). Um símbolo brasileiro tornou-se ícone da nossa enfermagem, Ana Nery (1814-1880), participou como voluntária da Guerra do Paraguai, onde acompanhou os filhos (in Baptista e Barreira). Nightingale percebia e entendia que o asseio, a limpeza e o cuidado seriam essenciais na recuperação de enfermidades, pouco a pouco a ciência foi justificando as razões. A Missão Rockfeller troxe este novo modelo de cuidados no Brasil, durante o governo de Getúlio Vargas (in Franco Santos), foi a presença americana no Brasil tal como acontecida na Segunda Grande Guerra. A sociedade está enferma com carência de conhecimento e informação. Um novo paradigma se faz necessário.

Ainda vivemos uma época tecnicista em que só acreditamos no que é visível. Em coisas visíveis, e nas inalcançáveis, sob lentes de microscópio ou telescópio. Pelo mundo espalhou-se que o mundo terminaria em 2012, Hércóbulos ou planeta vermelho (in Rabolú), calendário Maia e Nibiru foram algumas citações. Não acreditamos no que possa estar ao nosso lado ou simplesmente nossos olhos não vem. O mundo que conhecíamos está acabando, com uma enorme velocidade dos acontecimentos e informações, surge a Nova Era.

 

(****) Texto Publicado:

Jornal de Hoje em 27/agosto/2012 – Natal/RN

 

Recordando uma Batalha na Avenida Roberto Freire

PDF 508

Texto disponível em:


 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Além de 0,5 tons


Além de 0,5 tons
 


Expedições Literárias II

 PDF 498

O projeto de Thiago Gonzaga, descrito como Expedições Literárias[i], partiu prometendo levar para Acari/RN novos tons, além dos tons tradicionais de cinza. Cinzas das secas, cinzas das queimadas e cinzas da vida. Cinzas dos restos de vidas que ainda persistem. Quem tem sede, tem muito mais pressa do que quem tem fome; onde corre a água, corre a vida. E a sede do conhecimento é insaciável e persistente.

Foi com troncos de arvores transformados em folhas de papel, que são uma mídia de suporte do conhecimento, com a seiva da informação, foi uma solução encontrada, para matar a fome e a sede em Acari/RN, e na vila de Gargalheiras. E agora a ação está respaldada, com reconhecimento de uma utilidade educacional e cultural, para sair em busca de novas empreitadas.

Muitos tons de cinzas foram vistos pelas estradas, a caminho de uma barragem, com problemas de estiagem. Até a última contabilização de alimentos arrecadados, já ultrapassavam os 400 Kg, um indicativo que deveria ultrapassar a marca de meia tonelada (0,5 tons), até o dia e a hora do embarque. Fato que foi comprovado.

Além de Adeus nas estradas dos tijolos amarelos, outros livros e outros títulos chegaram para caminhar na mesma estrada. Uma Vitor Hugo deixou as portas abertas para informações dos reservatórios e dos recursos hídricos (SEMARH). Escritores e editores atenderam as chamadas de letras e palavras, com livros de palavras, e chamadas de letras, com apenas palavras, e seiva de palavras. Coleções de contos e de selos, filatelia e livromanias.

E para surpresa de alguns, as pedras em torno da barragem, tinha tons de amarelo, tal como os tijolos da estrada, que davam início a ideia. Geógrafos e geólogos não diriam ser pedras, mas rochas, cabem a eles as descrições das paisagens e dos solos. Enquanto escritores podem descrever com outras palavras as mesmas imagens, pois pisaram em outros solos.

Durante a última arrumação dos alimentos arrecadados, que ocupavam o chão de uma sala, no fundo da conhecida livraria, impedindo acomodações e deslocamentos, Thiago fez um breve relato de sua história. Deu a entender que fez uma limpeza e uma reciclagem na sua passagem pela empresa urbana, desviou-se de uma função para abrir portas e páginas na Academia. E Acadêmicos embarcaram na mesma jornada.

Vans e divãs, poesias e filatelias, prosas ou versos, abriram portas para acomodar personagens. Magos e bruxas, espiritas e espiritualistas, embarcaram em uma van com suas filosofias. Outros preferiram ir do lado de fora, acompanhando os que participavam da excursão, mas em outra dimensão, no mundo invisível. Onofre também colocou o pé na estrada, com seu bólido branquelo. Abrindo espaços de personagens para novos lugares. Permitindo um trocadilho do on/off com o Onofre.

Uma van partiu em direção a Acari, com o objetivo de chegar a Gargalheiras, um grupo com alegrias e risos. Uma van com gargalhadas e risadas, uma van com sarau e poesia a bordo, as pessoas substantivas no plural. A multidiversidade estava presente, com diversidades de cores e símbolos. Crenças e credos, naturalidades de outros estados e cidades, todos radicados na mesma ideia; alimentos e livros, alimentos ou livros, e alimentos são livros. Alimentos que nos livram do desconhecimento e do empobrecimento, do corpo, da alma e da mente.

Chamada final, embarque imediato no portão da livraria. Todos a bordo em direção a Acari, faltou o Acaci. Diretores e personagens dos palcos e dos livros, Alberto e Dalberto estavam embarcados. Entrevistados e entrevistadores também foram, uns desde o início (Drica das Artes)[ii], outros embarcaram no caminho (A Cruz e o Inharé)[iii].

Um breve relato histórico foi encontrado pelo caminho. O caminho do descobrimento foi percorrido, com placas que indicavam e apontavam direções: Nova Cruz, Santa Cruz e Vera Cruz, os nomes que foram um dia denominados pelos portugueses, à Terra Brazilis. Cruzou-se as terras dos antigos índios, os Caicós. Chegou homem branco deu o nome de Seridó. Uma terra onde nos leva a esquecer o modelo mais conhecido de índios, os índios das matas, e ali podemos ver um índio, imaginar um índio, com jeito de apache, na terra seca e árida. Diriam os pesquisadores, estudiosos e sociólogos ser uma imposição da ideia americana, achar que um índio brasileiro, poderia ser um apache. Respeitemos suas linhas de pesquisas. Quem não sabe o que procura, não identifica o que acha. Eles têm seus gráficos e teorias, baseados em outras hipóteses e outros achados. E leram outros livros.

Outras terras indígenas foram atravessadas, dos Macaíba e dos Parnamirim, e outras terras com traços de civilização, como Serra Caiada ou Lages Pintadas. Uma boa viagem, com passagem em Boa Saúde. Terras dos conquistadores das terras com Currais Novos. No relato rodoviário asfaltado, a influência da igreja com São Paulo do Potengi e São Pedro. A história e a geografia contadas pelos caminhos, caminhos que um dia foram de terra e ocupados por tropeiros e suas juntas de caçuás. Juntas de animais abriram os primeiros caminhos, que hoje estão cobertos pelo asfalto, deixando histórias inscritas nas pistas. Segundo alguns pesquisadores, as cruzes, com algumas pedras a volta, encontradas nas beiras das estradas unem conhecimentos religiosos, de judeus e cristãos. Marcos de lembrança de um acidente acontecido, com pedras substituindo as velas.

Lá longe e distante era possível avistar aviões. Aeronaves em procedimentos, na descida da rampa em direção a São Gonçalo do Amarante. Na terra ou no ar, para o N ou para o S uma enormidade de informações. Em outros tempos buscava-se o deslocamento do Sol para identificar direções, hoje é possível identificar pelas rotas dos aviões e seus procedimentos de pouso e/ou decolagem, dependendo do vento.

A cidade brasileira, com título de cidade mais limpa Acari/RN, tem problemas com a falta de água. E Acari mostra uma nova dimensão, dá uma outra lição, que para ter uma cidade limpa não é preciso de água, mas uma consciência de seus moradores e cidadãos. A cidade não tem papel no chão, não tem lixo espalhado, e não tem muro pixado. Tem duas igrejas preservadas, uma dos idos 1800 e outra dos idos 1700. Cidade de Acari com o rio Acauã, a herança indígena.

Outra lição foi deixada por autores, escritores, e os livros doados. A missão dos expedicionários e excursionistas. O livro como uma fonte de conhecimento, sem ser preciso ou necessário ser um livro, do seu autor preferido. Mas o livro em suas mãos, que com prosa ou poesia, com verbetes ou dissertações, pode lhe oferecer uma nova versão, uma outra visão. A versão ou visão de quem está de fora da uma situação. Visão de quem tem uma outra vivencia e outras percepções, ainda que não tenha vivencias de fome e falta de agua, e pode não ter a solução. Visões que junto com as visões de quem está radicado, preso em uma cidade que tem um problema, possa criar novas ideias, a partir de suas raízes, que crie novos frutos, novas soluções ao que maltrata a sua terra, e seu chão, sob um jugo de um jogo político e econômico, a valorização de um bem. Um bem que sempre foi livre e simples, o uso e o abuso da água, abundante e natural. E agora circula engarrafada e encanada, só usa quem paga.

Pelas estradas a diversidade de cores e sabores, cheiros e aromas. O mato a beira das estradas, com cheiros diferentes de noite ou de dia, e com certeza teria outro cheiro na madrugada. O cheiro da represa sem agua, com garças espaçadas no regato de agua. O cheiro do Sol abundante, com outro cheiro na sombra. Um conjunto de visões e informações.

A única oportunidade de escolher entre cheiros, recheios e sabores foi no caminho da volta, com uma parada na estrada. A velha desculpa ou a necessidade de um café, uma agua fechada, mineral ou em WC, e estirar ou esticar as pernas. A fisiologia da circulação do sangue, símbolo da vida; o arrefecimento do corpo, com agua e conforto, a trocas dos líquidos corporais. Uma parada em uma pequena cidade dividida pelo asfalto da estrada, mas famosa pelos pasteis de Tangará, o nome da cidade. Uma lanchonete com uma estante de autores locais. O pastel de Tangará com recheios locais, o café com ou sem leite; a coca ou a cerveja dos estrangeiros, e a história do Seridó nas prateleiras. Um conjunto de saberes e sabores, locais, regionais, estaduais, nacionais ou importados.

E como possivelmente, e imaginável na mente, poderia dizer um matuto com seu radinho de pilha, o Thiago é o cara e soube buscar soluções, fez parceria com o Onofre (On/Off), a representação da Academia. Soube ligar em notícias na hora certa. A equipe também espera que tenha chegado a tempo, e na hora certa, com alimentos e livros. A volta ficou como a lembrança de um sonho depois de estar acordado. E a necessidade de sonhar outra vez, levar alimentos e livros aos que vivem sempre acordados, com um olhar para o céu, observando as nuvens. Nuvens que possam formar chuvas, a partir de seu estado gasoso.

Ficou tudo como um sonho ou um filme, que ao final desfilaria os créditos. Uma caravana, acompanhada e formada de artistas e personagens hollywoodianos: Shirley Marques Lane; Zípora Carmona e Lea Petry; ou épicos como De Cristo, e uma quantidade enorme de figurantes. Haveria os créditos para filmagens e sonorização. Mas não valeria dizer que ela mora perto do cemitério.

Os créditos de direção e organização já foram citados. Uma equipe que levou uma enorme bagagem na mente, e levou agua e alimentos, para que aqueles radicados em Acari, pudessem se alimentar e beber, para que pudessem por mais tempo viver e aprender algo com as novas mensagens.

Um pouco mais que 500 k (0,5 tons) de alimentos foram entregues. Cerca de doze horas (0,5 dia) formam necessárias para ir e voltar. E quinhentos quilômetros foram rodados pela van familiar.

 

Texto em 04/10/15

Ida a Acari em 03/10/15

 

Texto disponível em: