quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Homo natalensis II

E se o ser é o resultado dos seus relacionamentos e comportamentos. A cidade como uma organização social, política e arquitetônica, do ser humano, construída pelos homens com objetivos de abrigar e servir aos homens, também é o resultado de seus relacionamentos e seus comportamentos, gerados no espaço ocupado. E influenciados pelo que acontece a sua volta. Os espaços urbanos são ocupados, e permanentemente são reocupados com obras de modificações e transformações.

A arquitetura é o resultado de conhecimentos e influencias culturais. Uma cidade é constituída por pessoas, com os resultados de seus comportamentos e conhecimentos. Das relações que seus habitantes praticam e participam. Habitantes e viajantes deixam as marcas de suas histórias por onde vivem e passam.
Em um momento da história o homem deixava seu abrigo para sair em busca de caçar, e colher frutos, raízes e sementes, para alimentações e indisposições. Continua saindo em busca de alimentos e suplementos. Encontra o que é necessário em comércios especializados da selva de pedra. Sai em busca de alimentos: carnes frescas e congeladas; polpas e frutas, frescas, secas ou industrializadas; raízes descascadas, cortadas e congeladas. Sai em busca de ervas sintetizadas apresentadas em capsulas e comprimidos.

Ao longo de sua história o homem adquiriu novas necessidades para suprir anseios e desejos. Necessita de alimentos para a alma, o corpo e a mente. Hoje ainda pode sair para buscar o conhecimento. Quem parte levando ideias volta trazendo novas ideias. Templos religiosos e templos de culto ao corpo dividem os espaços urbanos, com templos voltados a saúde e templos de conhecimentos. Templos religiosos orientavam não cultuar santos e imagens. As imagens deixaram de ser santas para serem corpos esculturais e sarados, filmes e fotografias. Pessoas em perfis de redes sociais projetam suas imagens, para quem quiser adorar: curtir, compartilhar ou seguir.

Uma cidade se relaciona com outras cidades. Cidades próximas, cidades visinhas e cidades distantes. Ao longo da história de uma cidade, conceitos, hábitos e costumes, vão se adicionando, mesclando com os existentes e herdados anteriormente. Pessoas, animais e carroças um dia ali passaram em um espaço geográfico. Abriram caminhos que se tornaram estradas. Caminhantes e viajantes apearam, de carroças, jegues e cavalos. Sentaram em volta de uma fogueira, contaram estórias que se tornaram lendas.
Agora pessoas, carros e cargas entram e saem diariamente das cidades. Barcos e navios, helicópteros e aviões cruzam os mares e os ares. Comboios, trens e ônibus cruzam atravessando as terras. Pessoas que levam na mente histórias contadas por seus avós. Influenciadas em suas vidas por contos e histórias ouvidas em casas e nas escolas.

Ao longo da história pode haver descobrimentos, fundações, invasões, expulsões; ocupações e reocupações. As passagens e instalações de outros povos com outras línguas e outras culturas; de forma pacifica ou belicosa. A cidade de Natal sofreu influencias ao longo da história, que estão gravados em sua memória. A história no inconsciente coletivo. História e histórias construídas com a sua própria geografia, construída ao longo de sua história. A geografia de hoje, torna-se história no amanhã. Influencias consumistas desembarcadas por estrangeiros, ao longo do tempo em função da sua posição geográfica e estratégica.

Chegamos a uma sociedade com conhecimentos separados uns dos outros. Uma separação que nos impede de religar conhecimentos, para conceber os problemas fundamentais e globais, tanto os das nossas vidas pessoais, como os dos nossos destinos coletivos: "La Voie" (A Via), do pensador francês Edgar Morin, por Roseli Gonçalves, em transito para Frankfurt.

Rio de Janeiro/RJ ─ 26/10/2014



Publicado
JORNAL DE HOJE
                                                                        Natal/RN
                                                                                             27/10/2014

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