quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Homo natalensis V

O natalense tem alguns comportamentos e hábitos dos indígenas. Hábitos e comportamentos que vão se perdendo na história e na memória: como o habito ou ato de comer ginga com tapioca na beira da praia, tomando uma água de coco. Poucas pessoas fora da área urbana da Grande Natal conhecem o peixe chamado de ginga. Ginga é um pequeno peixe de água salgada que pode lembrar uma pequena sardinha ou uma manjubinha. O Homo natalensis pode até se ofender com a comparação, e dizer que não existe peixe igual a suas gingas. Em uma breve pesquisa na internet podemos descobrir que é um peixe sem valor comercial, descartado daqueles que tem mais valor para chegar ao mercado. A clássica disputa entre e Canguleiros e Xarias.

O hábito de comer ginga na beira da praia, ainda vem sendo preservado na praia da Redinha, onde ainda existem muitos barcos e pescadores. Em um mercado publico com boxes, ainda e possível obter e apreciar a iguaria. E a praia da Redinha fica em oposição ao aldeamento das Rocas. Tal como a oposição entre a Zona Norte, separada pelo rio Potengi, e por uma ponte, onde do outro lado, a cidade comporta: Centro, Zona Sul, Zona Leste e Zona Oeste. O lado entendido como a cidade de Natal. A cidade de Natal no linguajar popular divide-se em dois lados; a cidade e a Zona Norte.

Hábitos de comer ginga com tapioca à beira da praia que podiam acontecer depois de uma pescaria, ou mesmo antes de uma pescaria. Forrando o bucho antes da lida. Hábito e costume que vai se transformado em comer tapioca em uma tapiocaria de shopping, depois das compras, depois de caçar e pescar mercadorias e ofertas. Enquanto índios e antigos pescadores podiam voltar com puçás e samburás cheios de pescado, o homem urbano volta com sacos e sacolas de compras. Uma boa compra ou boa pescaria; deve ser comemorada na praia próximo a arrebentação ou na praça de alimentação.

Um estudo arqueológico poderia descobrir que um dia os indígenas ocuparam as praias onde ainda hoje são protegidas por formações rochosas, permitindo um banho de mar e a coleta de pequenos peixes que podiam, e ainda podem ficar aprisionados a partir da baixa mar. Como as praias junto ao Forte e a praia de Camurupim (Nísia Floresta), que segundo alguns escritos, na linguagem indígena, a água fechada. Os sambaquis devem ter sido destruídos pelas construções de ferro e cimento. Enquanto os índios produziam sambaquis, o homem urbano produz metralhas.

Uma tapiocaria oferece tapioca com uma infinidade de ingredientes a serem acrescentados ou adicionados. De tapiocas lambuzadas com manteiga de garrafa à outras recheadas com nobres queijos e frios defumados; da tapioca simples à tapiocas recheadas com pastas e cremes, doces ou salgados. Quiche de ginga com jiló (JH em 06/12/12).

Com as gingas dos barcos balançando para lá e para cá; e com as gingas do povo criando alternativas e inovações, os cardápios vão variando com as influencias locais e as influências internacionais. Um dia o barco que ginga, pode adernar demais e entrar água. Um dia o natalense que ginga, pode se influenciar demais e tender a uma variedade econômica ou gastronômica. O bolso e o estomago vão gingando de acordo com a maré.

E raras tapiocarias hoje poderão oferecer ginga. Oferecem tapiocas podendo ser incrementadas com catchup Heins e mostarda Dijon em saches; molhos e maioneses com sabores, acompanhado de refrigerante de cola, ou um suco em caixinha. Trocar a tapioca pelo crepe, panqueca, ou pela pizza; pelo pão de hambúrguer, árabe ou sírio, mantendo alguns ingredientes do recheio ou cobertura torna-se um ato simples.

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN ─ 16/11/2014



Artigo publicado
JORNAL DE HOJE
Natal/RN
                                                                        17/11/2014

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