A cidade de Natal/RN como um
case I
Enquanto não se estabelece uma
prioridade, de ter uma linha de VLT, entre o Bairro Nordeste e Igapó, e mais uma
linha de ônibus entre Santos Reis e a Redinha, com sistemas sobre trilhos e sobre
rodas, de transportes com: conforto, comodidade, regularidade e pontualidade. Outros
procuram por via aérea criar um voo para ligar Natal (NAT) à Miami (MIA) e
Buenos Aires (EZE). E algumas das tops
models potiguares já anunciam em redes sociais seus embarques para Dubai
(DXB). Mais um fato a ser acrescentado em Dicotomia Natalense (*).
A necessidade de poucos, do
salto quantitativo e qualitativo: de São Gonçalo do Amarante para o mundo.
Enquanto uns procuram um salto por via aérea entre continentes, outros mal conseguem
dar um salto sobre um rio, para se levantar e mudar de margem: da Redinha ao
Forte, sair da redinha para chegar a um ambiente mais forte. Reina a definição
clássica de rivalidade, daqueles que estão nas margens opostas de um rio (river), a origem das palavras rivalidade
e rivais ─ River. Aqui a separação da Zona Norte de Natal/RN com o resto da
cidade: Centro, Zona Leste e Zona Oeste. Enquanto em outra época as divisões sociais
eram entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa, territórios de Xarias e Canguleiros.
A cidade de Natal vem
crescendo e adquirindo hábitos de cidade grande, determinando assim um novo campo (a partir do olhar de Pierre Bourdieu),
para ser estudado e analisado. Com os hábitos locais surge o habitus (idem), individual, coletivo e
social. O comportamento da sociedade, e de cada de cidadão. A cidade no
coletivo e cada um no individual juntando forças para evitar uma histerese
(idem), ao mudar de habitus. O medo e
o receio de perder um espaço ou um status
conquistado. A falta e a carência de resiliência, da cidade e de seus cidadãos.
Não admitem mudar seus paradigmas(**),
em busca de metamorfoses, ainda que ambulantes.
Natal já foi a tal (***)
quando se dizia que nela havia um poeta em cada rua, e em cada esquina um
jornal. O conhecimento circulava de boca em boca e de mão em mão, pelas
palavras de um poeta e pelas mãos de um gazeteiro. O conhecimento ainda circula
nas ruas, e pelas mãos, para quem tem um celular conectado e linkado. Poetas se
reúnem agora em locais fechados na tentativa de resgatar uma época de
conhecimento. Criaram a SPVA - Sociedade de Poetas Vivos e com atividades Afins,
um ato merecedor de um espaço, e de um premio Nobel local.
Professores da Universidade
Federal criam grupos, em cursos de extensão, para discutir, debater e
desenvolver o que parece ser um problema atual e mundial; a água: seus usos, maus
usos e reusos. Mudam seus pontos de vistas e rompem com seus paradigmas, saindo
de uma visão heurística para uma olhar holístico, olhando agora o ser humano
como parte integrante do meio ambiente, do mundo, e do planeta. Educadores
transformam-se em multiplicadores do conceito de convivência urbana e social,
com um foco de preservação do ambiente e da espécie. Enquanto um grupo discute
um futuro do planeta, o jet set esta
preocupado com a última moda para vestir o corpo, e como circular nas ruas
sobre quatro rodas com seus modelos de SUV (Sport Utility Vehicle), um conceito
artístico e automobilístico para veículos esportivos e utilitários. Pelas ruas
motoristas solitários, com veículos em tamanhos incompatíveis com a largura das
ruas, e o tamanho das vagas. A incompatibilidade automotiva com a cidade e o
momento social atual.
A mídia incentiva a população
em reduzir o tempo gasto em um banho, enquanto regatos de águas coloridas e tingidas
desembocam em bueiros, junto ao meio fio. Com suas nascentes em pequenas duchas
de água quente de confortáveis salões de beleza, com ar refrigerado, cafezinho
e água gelada, com nomes de compreensão e grafia internacional (Studios e Coiffure).
Belas e confortáveis casas
residenciais e comerciais são construídas com a mais alta tecnologia
objetivando um conforto a seus moradores e clientes, mas não possui um elemento
básico, o saneamento. Um denominado sistema e recurso para cidades modernas, utilizado
desde os tempos da Grécia Antiga.
Alguns personagens
natalenses com seus capitais patrimoniais em movimento insistem em acreditar
que seus bens materiais, venham os colocar em posições de grandes detentores de
capitais intelectuais e comportamentais. Vivem no modelo antigo dos privilégios
políticos, daqueles que tinham um capital financeiro, e aplicavam um
coronelismo. Exercem uma violência simbólica, ainda que não consentida por
todos os oprimidos. Os que não se oprimem lutam e brigam pelos seus direitos e
seus espaços.
Natal vive atualmente o caos
dos engarrafamentos. Um excesso de carros circulando em ruas, e estacionados
sobre as calçadas e praças. O crescimento de uma cidade, que traz junto os problemas
para uma cidade não planejada para crescer. A cidade cresceu com seus antigos
habitantes, e inchou com a chegada de novos imigrantes. O resultado de uma
propaganda nacional e internacional com apelo turístico do natural e do visual.
Natal sempre buscou atrair turistas sem reforçar sua infraestrutura. Apostou no
visual e na beleza da natureza, sem investir em acessibilidade e facilidades de
acesso.
Uma cidade que viveu sempre
o presente com os olhos no passado. A fazenda asfaltada como muitos dizem. Vive
de seus arquétipos, com presenças e marcas estrangeiras. Ainda que ventos e
correntes marítimas tenham trazido conhecimento e informação, ao longo de sua
história, aos habitantes do local. Os ventos
e as correntes marítimas trazem chuvas e embarcações; trazem ideias e
inspirações chegam pelos novos ares que refrescam a cidade. A doce brisa
marítima.
Personagens saem do interior,
mas o interior continua contido neles. Câmara Cascudo produziu um conhecimento
porque estava bem posicionado geograficamente. Com inúmeros convites nunca quis
deixar a cidade em que nasceu. Foi conhecido como o Luis de Natal. Em Natal
nasceu, em Natal viveu e em Natal encantou-se.
Excesso de automóveis que
ocupam ruas e calçadas. Veículos que atrapalham o transito, engarrafando
ideias. Isolam pessoas dentro de um carro, que não observam os detalhes e o conhecimento
contido nas ruas. Com seu isolamento físico e térmico, não se dão conta do que
acontece nas ruas, somente à sua frente. Um programa sem replay, apenas alguns
segundos podem ser vistos pelo retrovisor, de algo que aconteceu na pista
contraria ou algo preste a acontecer em sua pista, se for ultrapassado por um veículo,
pelo carro que o segue.
Nos intervalos para
comerciais em sua tela que funciona como para brisas, onde assistem os reclames
comerciais que são expostos em outdoors
e busdoors, faixas e cartazes, mais os
painéis laterais em ônibus e caminhões. Um semáforo faz uma contagem regressiva
para o reinicio do programa que desfila na tela à sua frente.
Textos
citados
RN 12/04/15
Roberto Cardoso
IHGRN/INRG
Texto
publicado em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário