domingo, 12 de abril de 2015

A cidade de Natal/RN como um case I



A cidade de Natal/RN como um case I



Enquanto não se estabelece uma prioridade, de ter uma linha de VLT, entre o Bairro Nordeste e Igapó, e mais uma linha de ônibus entre Santos Reis e a Redinha, com sistemas sobre trilhos e sobre rodas, de transportes com: conforto, comodidade, regularidade e pontualidade. Outros procuram por via aérea criar um voo para ligar Natal (NAT) à Miami (MIA) e Buenos Aires (EZE). E algumas das tops models potiguares já anunciam em redes sociais seus embarques para Dubai (DXB). Mais um fato a ser acrescentado em Dicotomia Natalense (*)

A necessidade de poucos, do salto quantitativo e qualitativo: de São Gonçalo do Amarante para o mundo. Enquanto uns procuram um salto por via aérea entre continentes, outros mal conseguem dar um salto sobre um rio, para se levantar e mudar de margem: da Redinha ao Forte, sair da redinha para chegar a um ambiente mais forte. Reina a definição clássica de rivalidade, daqueles que estão nas margens opostas de um rio (river), a origem das palavras rivalidade e rivais ─ River. Aqui a separação da Zona Norte de Natal/RN com o resto da cidade: Centro, Zona Leste e Zona Oeste. Enquanto em outra época as divisões sociais eram entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa, territórios de Xarias e Canguleiros.
A cidade de Natal vem crescendo e adquirindo hábitos de cidade grande, determinando assim um novo campo (a partir do olhar de Pierre Bourdieu), para ser estudado e analisado. Com os hábitos locais surge o habitus (idem), individual, coletivo e social. O comportamento da sociedade, e de cada de cidadão. A cidade no coletivo e cada um no individual juntando forças para evitar uma histerese (idem), ao mudar de habitus. O medo e o receio de perder um espaço ou um status conquistado. A falta e a carência de resiliência, da cidade e de seus cidadãos. Não admitem mudar seus paradigmas(**), em busca de metamorfoses, ainda que ambulantes.

Natal já foi a tal (***) quando se dizia que nela havia um poeta em cada rua, e em cada esquina um jornal. O conhecimento circulava de boca em boca e de mão em mão, pelas palavras de um poeta e pelas mãos de um gazeteiro. O conhecimento ainda circula nas ruas, e pelas mãos, para quem tem um celular conectado e linkado. Poetas se reúnem agora em locais fechados na tentativa de resgatar uma época de conhecimento. Criaram a SPVA - Sociedade de Poetas Vivos e com atividades Afins, um ato merecedor de um espaço, e de um premio Nobel local. 

Professores da Universidade Federal criam grupos, em cursos de extensão, para discutir, debater e desenvolver o que parece ser um problema atual e mundial; a água: seus usos, maus usos e reusos. Mudam seus pontos de vistas e rompem com seus paradigmas, saindo de uma visão heurística para uma olhar holístico, olhando agora o ser humano como parte integrante do meio ambiente, do mundo, e do planeta. Educadores transformam-se em multiplicadores do conceito de convivência urbana e social, com um foco de preservação do ambiente e da espécie. Enquanto um grupo discute um futuro do planeta, o jet set esta preocupado com a última moda para vestir o corpo, e como circular nas ruas sobre quatro rodas com seus modelos de SUV (Sport Utility Vehicle), um conceito artístico e automobilístico para veículos esportivos e utilitários. Pelas ruas motoristas solitários, com veículos em tamanhos incompatíveis com a largura das ruas, e o tamanho das vagas. A incompatibilidade automotiva com a cidade e o momento social atual.

A mídia incentiva a população em reduzir o tempo gasto em um banho, enquanto regatos de águas coloridas e tingidas desembocam em bueiros, junto ao meio fio. Com suas nascentes em pequenas duchas de água quente de confortáveis salões de beleza, com ar refrigerado, cafezinho e água gelada, com nomes de compreensão e grafia internacional (Studios e Coiffure). 

Belas e confortáveis casas residenciais e comerciais são construídas com a mais alta tecnologia objetivando um conforto a seus moradores e clientes, mas não possui um elemento básico, o saneamento. Um denominado sistema e recurso para cidades modernas, utilizado desde os tempos da Grécia Antiga. 

Alguns personagens natalenses com seus capitais patrimoniais em movimento insistem em acreditar que seus bens materiais, venham os colocar em posições de grandes detentores de capitais intelectuais e comportamentais. Vivem no modelo antigo dos privilégios políticos, daqueles que tinham um capital financeiro, e aplicavam um coronelismo. Exercem uma violência simbólica, ainda que não consentida por todos os oprimidos. Os que não se oprimem lutam e brigam pelos seus direitos e seus espaços.

Natal vive atualmente o caos dos engarrafamentos. Um excesso de carros circulando em ruas, e estacionados sobre as calçadas e praças. O crescimento de uma cidade, que traz junto os problemas para uma cidade não planejada para crescer. A cidade cresceu com seus antigos habitantes, e inchou com a chegada de novos imigrantes. O resultado de uma propaganda nacional e internacional com apelo turístico do natural e do visual. Natal sempre buscou atrair turistas sem reforçar sua infraestrutura. Apostou no visual e na beleza da natureza, sem investir em acessibilidade e facilidades de acesso.

Uma cidade que viveu sempre o presente com os olhos no passado. A fazenda asfaltada como muitos dizem. Vive de seus arquétipos, com presenças e marcas estrangeiras. Ainda que ventos e correntes marítimas tenham trazido conhecimento e informação, ao longo de sua história, aos habitantes do local.  Os ventos e as correntes marítimas trazem chuvas e embarcações; trazem ideias e inspirações chegam pelos novos ares que refrescam a cidade. A doce brisa marítima.

Personagens saem do interior, mas o interior continua contido neles. Câmara Cascudo produziu um conhecimento porque estava bem posicionado geograficamente. Com inúmeros convites nunca quis deixar a cidade em que nasceu. Foi conhecido como o Luis de Natal. Em Natal nasceu, em Natal viveu e em Natal encantou-se.

Excesso de automóveis que ocupam ruas e calçadas. Veículos que atrapalham o transito, engarrafando ideias. Isolam pessoas dentro de um carro, que não observam os detalhes e o conhecimento contido nas ruas. Com seu isolamento físico e térmico, não se dão conta do que acontece nas ruas, somente à sua frente. Um programa sem replay, apenas alguns segundos podem ser vistos pelo retrovisor, de algo que aconteceu na pista contraria ou algo preste a acontecer em sua pista, se for ultrapassado por um veículo, pelo carro que o segue.
Nos intervalos para comerciais em sua tela que funciona como para brisas, onde assistem os reclames comerciais que são expostos em outdoors e busdoors, faixas e cartazes, mais os painéis laterais em ônibus e caminhões. Um semáforo faz uma contagem regressiva para o reinicio do programa que desfila na tela à sua frente.

Textos citados

RN 12/04/15

Roberto Cardoso
IHGRN/INRG



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