Nobel
abrindo o carnaval em Natal
(grupo A)
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Um texto anterior ao evento, e para o evento, já havia sido
construído, sobre o uso da cultura, no combate a desinformação, e o
fortalecimento da segurança pública e urbana, de uma cidade (*). Um texto
inclusive citado por Lívio Oliveira, em Quinta Literária (28/01/16), dando
ideia para um prosseguimento. Quintas Literárias é uma escola, que vem formando,
informando e construindo; pessoas e livros. Tal como outras academias que dizem
produzir conhecimento, escrevendo artigos e livros. A autodenominada academia
do conhecimento.
A primeira Quinta Literária do ano (28/01/16), chegou
colocando a prefeitura na avenida. O prefeito Carlos Eduardo foi apresentado como
destaque da escola. A Urbana chegou com as alegorias. E o samba foi puxado por
Thiago Gonzaga, o mediador preferido, pelo gestor do barracão de livros. Criando
histórias e fantasias, gerando conhecimento.
O gestor do barracão estava em viagem cultural,
prestigiando manifestações indígenas, no extremo norte do pais. O abre alas não
compareceu. Mestre-sala e porta-bandeira deveriam estar presentes, na condição
de secretário das culturas. Mas o secretario de cultura não compareceu, deveria
estar desfilando em outra avenida. A comissão julgadora, onde todos estavam
sentados, era formada de literatas, entre os adoradores da literatura; editores
e jornalistas; leitores e escritores; professores e coronéis do conhecimento; uma
nata cultural, junto de um café. “Olha a prefeitura aí gente !!!” E o resultado
das notas como se sabe, é divulgado depois de a escola passar. Podendo renascer
das cinzas.
O destaque, reconhecido como prefeito da cultura, na tal
cidade, citou autores preferidos e livros lidos; autores presentes e livros
ausentes. Afirmou frequentar livrarias em outras paragens, onde busca bagagens
de conhecimentos. E apresentou uma agenda de carnaval, com um argumento
histórico. Citou o carnaval como uma festa cultural tipicamente brasileira, o
que nos faz recorrer a história e a literatura. Uma afirmação digna de réplica,
com argumentos fundamentados, inclusive na história da igreja, e da agricultura.
O céu e o chão, na formação da religião e das crenças. Mas voltemos a agenda.
Um show carnavalesco, um show no carnaval, em espaço
aberto, com objetivo de agradar um povo, pode receber várias notas pela
comissão julgadora. O show normalmente é composto por vocal e banda. As músicas,
já são conhecidas e reconhecidas pela maioria do público presente. Não oferecendo
uma nova literatura, talvez um barulho diferente. Portanto um show agrada em um
momento, deixando impressões pessoais e individuais, por um tempo
indeterminado, que vai de acordo com as sensações de cada um. E a falta de
equipamentos urbanos voltados para a cultura, durante um ano ou durante anos, pode
criar um carnaval como válvula de escape. Um porre de cultura, com direito a
bebida alcoólica e fantasias.
Alguns sambas enredos foram apresentados na Nobel. Temas apresentados
para pessoas esclarecidas, com um peso de qualidade intelectual. E como o
evento Quinta Literária segue as regras parlamentares, a palavra ficou para
quem estava na mesa, os convidados daquele dia. Com pessoas que cumprem uma
agenda, estando em um lugar, e pensando no outro, com pressa e sempre atrasado.
Uma agenda cheia, ou uma saída estratégica. Na era da informação, uma
infinidade de toques, no aparelho na palma da mão, fora os tremeliques não
percebidos. A urgência de cumprir outros compromissos.
E como não haveria tempo suficiente para esclarecimentos, réplicas
e treplicas. Alguns tropeços aconteceram na avenida. Uma declaração feita por
um prefeito, em um espaço oficial, com cenas filmadas e gravadas, pode ser considerada
informação, dando a oportunidade aos que estavam presentes, utilizar a
informação deixada naquele momento, na construção de um conhecimento. O
prefeito é uma autoridade, autorizada e reconhecida pelo povo. Tem voz e voto,
reconhecidos por uma posição e condição estratégica.
O prefeito a partir de seus conhecimentos e suas viagens,
afirmou que não entende a condição de Natal estar de costas para o Rio Potengi.
Fato que diz não se perceber com cidades europeias, como citado: Londres e
Paris, cidades que estão de frente para um rio. E seguindo o argumento
fundamentado, tal como Mossoró capital estadual da cultura, próxima do rio
Apodi. Cidade de águas térmicas aquecidas por Lampião, apresentando uma chuva
de balas sazonal.
Ora, Natal não é considerada uma cidade fluvial, mas sim,
uma cidade marítima, posicionada no litoral. E uma cidade marítima dá as costas
para o continente, dando as costas para Mossoró. Natal antes de ser cidade, estava
ocupada pelos índios, e chegaram os portugueses. E os portugueses de além-mar,
navegaram e procuraram espaços semelhantes ao porto que partiram. Precisavam de
abrigos para suas caravelas, para fundear naus e desembarcar. Primeiro
procuraram grandes rios, para estabelecer referencias. E encontraram grandes
rios, um rio grande no Norte e um rio grande no Sul. O rio do meio foi
descoberto no mês de janeiro. Natal é uma cidade de esquina, tal como são
antigas capitais: Rio de Janeiro e Salvador. No período da Segunda Guerra,
Natal serviu de trampolim, para os que vinham de outras terras.
O Brasil com mais de quinhentos anos não precisa mais usar
outras cidades e países, como a eterna referência de crescimento e emancipação.
Já tem bagagem cultural e histórica para construir um futuro. E como não bastasse
copiar os outros, já estamos sendo acusados de importar vírus, carregados por
um mosquito.
(*) O uso da cultura como estratégia de segurança de uma cidade
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