Desafios
para a cidade de Natal
Em uma breve circulação pela
foz do Rio Potengi, podemos observar sinais de algumas ocupações históricas próximas
do centro da cidade de Natal. Logo na entrada da foz, no encontro do rio com o
mar, encontramos o Forte dos Reis Magos (alguns chamam de Fortaleza), que foi construído
por portugueses, e já foi ocupado por holandeses, que tentaram fundar em Natal,
a Nova Amsterdam. Encontraram nas praias natalenses, algumas semelhanças com
seus diques impedindo o avanço do mar.
Mais acima, subindo um pouco
o rio, encontramos um local denominado como Rampa, onde um dia na história houve
um encontro entre dois presidentes, o americano Roosevelt, e o brasileiro Getúlio
Vargas, quando assinaram acordos entre os dois países, antes da Segunda Guerra
Mundial. Acordo que resultou na ocupação dos americanos em Parnamirim Feeld, o
Trampolim da Vitória, na cidade que já teve o nome de Eduardo Gomes, brigadeiro
e patrono da Aeronáutica, e hoje a cidade tem o nome de Parnamirim, vizinha a
cidade de Natal.
Ainda hoje se tenta criar
ali naquele local, o museu da Rampa, como local histórico do encontro entre
dois presidentes. E que poderia abrigar outras historicidades como peças
guardadas com personagens atuais, empenhados com a história e a memória local,
como Augusto Maranhão, defensor da história local, empenhado na lembrança da história
e datas históricas regionais. Como a lembrança do falecimento de Augusto
Severo, quando Maranhão que tem por hábito, juntar amigos e confrades e colocar
flores na estátua de Severo, próxima ao Teatro Alberto Maranhão (TAM), a mesma
estátua que um dia, do dirigível Zepelim, alguém jogou uma coroa de flores, sobre
a estátua de Severo, ao sobrevoar Natal. Uma homenagem de alemães a Augusto
Severo precursor da navegação aérea, com uso de balões dirigíveis, e morto em
desastre, quando realizava um de seus experimentos (PAX).
No outro lado do Rio Potengi,
oposto à Rampa, encontramos as marcas da presença dos ingleses com o cemitério
dos Ingleses. E a presença dos índios na praia da Redinha, local onde os índios
descansavam de suas pescas, que ficou marcada pela degustação, ainda hoje, de gInga
com tapioca.
Franceses fizeram escala em
Natal, com pequenos aviões, logo após a Primeira Guerra Mundial, inaugurando
uma linha postal entre a Europa e o Brasil, estendendo-se ao Uruguai, Argentina
e Chile. A empresa aérea postal Aeropostale, teve como seu mais importante
piloto Saint-Exupéry, autor de o Pequeno Príncipe. Um líder italiano deu de
presente à cidade a coluna capitolina, em agradecimento ao acolhimento de seus
aviadores.
O Brasil foi descoberto
oficialmente com a chegada da esquadra de Cabral em Porto Seguro/BA, depois de
avistar o Monte Pascoal. O marco de Touros, encontrado em uma praia, na cidade
de Touros/RN, ainda tenta mudar os rumos da história da descoberta do Brasil,
tenta ganhar o título de ser a primeira presença de estrangeiros desembarcando
em território brasileiro.
Existem duas correntes
claras de entrada cultural no RN ao longo da historia: uma por Natal/RN e outra
por Mossoró/RN, mais próxima do Ceará, cidade que cultua realizações sociais e históricas,
como sendo a primeira cidade brasileira a realizar uma abolição de escravos, e
a primeira cidade brasileira a acontecer o voto feminino. Ainda defende o
titulo de combater a entrada de Lampião, na cidade.
Ainda que Natal tenha sido a
primeira cidade brasileira a usar óculos escuros, a mascar chiclete, e a tomar
refrigerante do tipo cola, por influencia dos americanos, as duas cidades,
Natal e Mossoró, travam uma disputa cultural oculta. O mapa do RN lembra a
silhueta de um elefante, e Mossoró esta localizada no olho do elefante,
enquanto Natal do nascimento esta localizada no final do elefante.
Em João Pessoa na Paraíba
encontramos o Cabo Branco, que tem o titulo de ser o ponto mais extremo do
Brasil, a Leste, e consequentemente ali, a menor distancia entre a America do
Sul e a África. Embora ao longo da história Natal tenha sido o porto de
atracação de navios vindos da Europa, principal porto de arribação.
A praia de Ponta Negra é principal
praia urbana de Natal, tendo o Morro do Careca como cartão postal. A praia foi
invadida e tomada pelo mar. Tentativa de contenção das ondas tem sido feitas,
com a construção de contenções denominadas de enroncamento. Trabalho que não vem
dando resultado por uso de pedras fora do padrão de tamanho e de peso, pré-estabelecidos
e pré-determinados. E por falta de pesquisa e planejamento, como estudos de correntes
marítimas e estudos no comportamento das marés. Ainda há uma insistência em
resolver o problema. Com uma provável mudança no eixo de rotação da Terra,
fenômeno previsto de acontecer depois de um longo período de anos. Uma clara
visão do Direito da Natureza, em tomar e modificar o espaço geográfico, com
suas leis e suas regras.
Hoje Natal constitui-se de
uma cidade sem estrutura, sem praias, e sem aeroporto. O atual aeroporto esta
situado em São Gonçalo do Amarante (aeroporto Aluízio Alves), uma cidade da
Grande Natal, com vias de acesso mal resolvidas. E tal como o aeroporto anterior,
que era localizado em Parnamirim (Aeroporto Augusto Severo), mais próximo, e
com vias de acesso resolvidas. Tanto o antigo aeroporto como o novo, utiliza a
sigla internacional de três letras (NAT), que tanto lembra o nome de Natal,
como de New Amsterdã Terminal, o desejo dos holandeses.
O porto de Natal tem
dificuldades em receber navios, por cálculos mal planejados na altura máxima e
útil da ponte, construída na entrada do porto, na foz do Potengi, fato que
afeta os navios de passageiros, e seus grandes mastros. A profundidade, da entrada do porto, e do cais,
também pode afetar grandes navios cargueiros e seus grandes calados.
Alguns loucos defendem a
ideia de desembarque de passageiros marítimos, turistas em transatlânticos, em
alto mar, fazendo transbordos dos navios para pequenas lanchas, que levariam os
turistas até o terminal marítimo de passageiros e vice-versa. Seria
interessante neste caso contar com os fuzileiros que possuem carros anfíbios e
lanchas, para fazer desembarques em praias, com opção de helicópteros para
resgatar os que caírem no mar.
Sem contar que depois de
enjoos e maresias, Natal esta entre grandes portos de carga e descarga: Pecem
(CE), Cabedelo (PB) e Suape (PE), próximos a capitais turísticas e nordestinas.
A dificuldade de caminhões e carretas circularem pelas ruas da cidade de Natal,
também causam problemas em importação e exportação. O fraco sistema intermodal
agrava movimentos em portos e aeroportos, ferrovias e rodovias.
E Natal insiste em se divulgar
como sendo uma cidade estruturada, turística, praiana, e com belas praias,
utilizando-se de praias de outros municípios que chegam estar a mais de oitenta
quilômetros da capital. Depois de tantas permanências e influencias a cidade
portuguesa, com traços de outros povos e outras colonizações, não consegue
definir a sua identidade. Não consegue
ter criatividade, não oferece acessibilidade, no aeroporto, no porto, na
estação de trem, na rodoviária; nas ruas e principalmente nas calçadas.
RN 26/05/15
Roberto Cardoso
Dsenvolvedor de
Komunicologia
Jornalista Cientifico –
UFRN-FAPERN-CNPq
Membro do IHGRN - Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Membro do INRG – Instituto
Norte-rio-grandense de Genealogia
Texto enviado ao Jornal de Hoje – Natal/RN
Texto disponível em:
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